Boas Vindas

Caro (a) Aluno (a),

Chegamos na 4ª e última Unidade da disciplina Desenvolvimento e Aprendizagem. Trataremos agora do desenvolvimento da linguagem e da aquisição da leitura e da escrita. Entendemos que a compreensão destes aspectos do desenvolvimento é essencial para as intervenções no processo de aprendizagem. Em seguida, abordaremos a visão contemporânea da aprendizagem em si. Novos estudos e novas teorias acerca da aprendizagem estão surgindo. É preciso que o profissional da aprendizagem, além de conhecer as teorias que foram desenvolvidas ao longo da história, acompanhe as reflexões atuais sobre o processo de aprendizagem e as abordagens para intervenção, mediação e facilitação.

Vamos começar?

Apresentação

Iniciaremos analisando os aspectos gerais do desenvolvimento da linguagem bem como seus diferentes conceitos, passando pela aquisição da leitura e escrita e seu níveis de desenvolvimento.

Em seguida, veremos como os estudos, ao longo do tempo, contribuíram para uma nova visão acerca da aprendizagem e da intervenção mediada. A reflexão sobre a efetividade da aprendizagem atualmente é latente, principalmente no que concerne ao papel da escola e do professor/mediador.

Comecemos!

ObjetivosObjetivos

  • Apresentar aspectos gerais do processo de desenvolvimento da linguagem;
  • Apresentar aspectos gerais da aquisição da leitura e escrita;
  • Apresentar reflexões atuais acerca da aprendizagem e do papel do professor/mediador.

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Henri Wallon – Afetividade e AprendizagemO Desenvolvimento da Linguagem

Figura 1- linguagem Figura 1- linguagem

 

Antes de explorarmos os aspectos que envolvem o desenvolvimento da linguagem, façamos uma reflexão sobre o conceito. O que é linguagem?

No dicionário Houaiss ( 2001), podemos encontrar a seguinte definição de linguagem:

 

Citação:

1- O conjunto das palavras e dos métodos de combiná-las usado e compreendido por uma comunidade

2- Capacidade de expressão, esp. verbal

3- Meio sistemático de expressão de ideias ou sentimentos com o uso de marcas, sinais ou gestos convencionados.

4- Qualquer sistema de símbolos e sinais; código.

5- Linguajar. .

 

Figura 2- Desenvolvimento da Linguagem na criança Figura 2- Desenvolvimento da Linguagem na criança

 

 

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A Epistemologia Convergente de Jorge ViscaAquisição da Leitura e Escrita

 

Em nosso país a criança que frequenta uma escola vai aprendendo, de forma sistemática e organizada, as regras da língua da comunidade em que vive. Durante o período da Educação Infantil esta aprendizagem é, sobretudo, oral, evidenciando o pensamento de que o signo verbal é anterior ao escrito e de que a fala precede a escritura.

Durante o 1º. Ano do Ensino Básico, o signo escrito – o grafema - é ensinado e deve ser aprendido por aqueles que vivenciam nossa cultura. Neste momento a criança passa pelo processo de alfabetização, que precisa ser compreendido por todos os educadores, dada sua relevância social.

Vejamos, então, aprender agora sobre as estratégias que os professores podem utilizar para a alfabetização:

A Alfabetização:

Estratégias de Imersão e de Destreza
 
Para ensinar a ler e a escrever são utilizados dois tipos de estratégias: imersão e destreza. Ambas se complementam.

Na atualidade, com a difusão da filosofia construtivista e a ampliação da rede escolar no nível da Educação Infantil, as estratégias de imersão são utilizadas pelas professoras como fator de desenvolvimento da linguagem oral, o que estimula e motiva as crianças para a aprendizagem da leitura-escrita. Porém, a partir do segundo ano é preciso haver, paralelamente, a utilização de estratégias de destreza, sobretudo aquelas relacionadas ao desenvolvimento da consciência fonológica, cujo domínio é primordial para o sucesso nas atividades de leitura-escrita.
                               
Estratégias baseadas na imersão:

  • Proporcionar um ambiente letrado;
  • Efetuar períodos de leituras compartilhadas;
  • Utilizar os “registros de experiências”;
  • Estimular a criança a “ brincar de ler”;
  • Leituras previsíveis;
  • Pesquisar textos autênticos do contexto (rótulos, bulas, avisos etc.);
  • Apresentar às crianças textos que satisfaçam as diversas funções linguísticas;
  • Abrir um espaço flexível e progressivo para a prática da leitura silenciosa.

Para quem já domina o universo letrado, as palavras têm imagem sonora e visual. Para a criança que não sabe ler, elas só têm imagem sonora. Brincar de ler ajuda a visualizar, a formar imagens de palavras. Toda criança tem o direito de que lhe leiam em voz alta e que também lhe seja oportunizada a criação de uma consciência linguística relativa à linguagem escrita (pausas, emprego de maiúsculas, pontuação, acentuação etc.). A partir da atuação da professora, usando livros gigantes quando lê para os pequenos, apontando as palavras que lê, para que eles compreendam a relação entre a fala e a escrita, mostrando a estrutura da escrita, é que esta consciência se forma.

Os textos do contexto são um sistema escrito com coerência e coesão e têm objetivos bem definidos, relacionados com sua utilidade. São folhetos de propaganda destes que são distribuídos nas ruas; receitas médicas, receitas culinárias, recibos ou notas fiscais, propagandas comerciais em revistas e ou jornais. O professor reúne estes textos e os lê para a classe, mesmo que esta não seja alfabetizada. Eles são úteis para promover as antecipações de leitura e caracterizar sua utilidade social. No tratamento de pessoas com dislexia eles são muito importantes para contextualizar a leitura, porque possibilitam o acesso ao nível da metalinguagem- saber que o que está escrito se refere a um determinado contexto.

“Caminhadas de Leituras” são atividades muito importantes, nas quais o professor faz junto com as crianças a tentativa de leitura dos textos existentes nas ruas da cidade.  O professor poderá se inteirar, nesta oportunidade, do conhecimento que as crianças têm do mundo letrado, nas comunidades urbanas. Nas rurais, ele pode transformar a natureza num mundo letrado, colocando cartões nominativos (lixo, vassoura, horta, flor, pedra etc.) e a escola passa assim a suprir a criança de letramento

As classes de Educação Infantil têm o objetivo de apresentar diversos tipos de leitura às crianças, mesmo que elas não saibam ler. Isso porque, como a alfabetização não é um processo natural, 95% das crianças necessitam de um mediador para serem introduzidas no mundo da leitura-escrita. Por isso, diante destas crianças que não descobrem sozinhas as regras do código escrito pelas técnicas de imersão, é preciso que sejam utilizadas estratégias de destreza.

Estratégias baseadas na destreza:

A aprendizagem dos signos linguísticos, que fazem parte do código da linguagem escrita, necessita do desenvolvimento de destrezas específicas de decodificação, inseridas em contextos significativos para as crianças.

  • Desenvolvimento de consciência fonológica;
  • Aprendizagem dos fonemas;
  • Associação fonema, grafema, articulema;
  • Formação de um vocabulário visual;

NOTA:

Todo fonema ao ser pronunciado tem um ponto de articulação próprio, é ligado a um ponto de articulação a que se denomina articulema.

 

Os fonemas são sons específicos de cada língua. Para uma criança ouvinte, isso é captado naturalmente. Porém, ela não tem consciência de que sua língua é formada por palavras. Aprender isso é muito importante, principalmente com crianças disléxicas.

O ensino pode ser feito de forma lúdica. Por exemplo, brincando de partir palavras, o professor enuncia sílabas em sequência, de forma bem lenta e discriminada, sonorizando exageradamente os fonemas (ssssa-ppppa-tttttto). A criança deve descobrir a palavra que foi pronunciada, ou apontar a figura correspondente (sapato).

Pode-se brincar com rimas e aliterações, chamando a atenção da criança para o fato de que há palavras que acabam, terminam, ou começam com o mesmo som. Isso é formar consciência fonológica e não precisa ser feito de forma pesada, exaustiva, como exercício repetitivo e cansativo, mas pode ser realizado de forma lúdica e criativa, usando-se pequenas poesias, chavões populares, trava-línguas. Isso leva a criança a perceber que tais palavras, que começam ou terminam com o mesmo som, são escritas com o mesmo grafema. Assim, se sobrepõe o grafema ao fonema e o segundo sistema simbólico da língua vai sendo estruturado paulatinamente.

Quando se ensinam os fonemas, ao mesmo tempo se está ensinando a escrita porque se associa o traçado. (Naipe fônico – letras móveis)

A consciência fonológica é fundamental para a aprendizagem da leitura.

É importante que as crianças se olhem no espelho para tomarem consciência do funcionamento do aparelho fonador. A correspondência fonema-grafema-articulema precisa ter apoio visual. Este tipo de trabalho forma um vocabulário visual básico de palavras geradoras.

Apesar de toda riqueza da estratégia de imersão, corremos o risco de as crianças terem dificuldades na aprendizagem da leitura e da escrita. Se ficarmos com modelos apenas de destreza, em meios com predomínio da oralidade secundária, pode-se correr o risco de aprendizagens mecânicas.

O caminho deste momento é trabalhar as destrezas com apoio significativo, a fim de que a criança compreenda a utilidade e o significado da leitura.
Há muitas razões para se aprender a ler, mas, para que isso aconteça com sucesso, há variáveis que são escolares: os livros precisam estar à disposição das crianças. É importante que na sala de aula também se tenha um mapa e livros de consulta (dicionário, jornais e revistas, enciclopédias e revistas em quadrinhos), que constituam uma biblioteca de aula, que se enriqueça com a produção dos alunos.

O mediador é importante para transformar o estímulo e facilitar o processo de aprendizagem. O professor precisa deixar de ser um instrutor para tornar-se um mediador de informações, permitindo que a criança construa conhecimentos. Em relação à escrita, essa mediação pode ter como consequência:

  • Expandir a memória humana.
  • Manejar a linguagem com precisão e exatidão analíticas e um maior nível de abstração.
  • Estimular a imaginação.
  • Aumentar o domínio do vocabulário e das estruturas verbais;
  • Estimular o pensamento e a consciência fonológica.

Somente a linguagem escrita pode estabilizar os conteúdos, já que a memória humana é limitada. Por isso, é preciso que tenhamos pontos de apoio nas rimas, parlendas, frases memoráveis etc. que se tornam significativas para as crianças. No tocante à linguagem oral, principalmente. Por isso, muitas coisas e muita riqueza na linguagem oral se perdem, porque não foram escritas.Com a escritura a memória humana se expandiu. Com os computadores há uma super expansão da memória.
Além das estratégias, para que a alfabetização se processe é necessário que o professor utilize de um método, que garanta o sucesso do estudante.

Os métodos utilizados para o ensino da leitura / escrita são tradicionalmente classificados em:

  • Predominantemente sintéticos - aqueles que utilizam a síntese como estrutura central para a aprendizagem, ou sejam se iniciam pelo ensino das partes, tais como letras ou sílabas, para chegar às palavras, frases e textos;
  • Predominantemente analíticos - aqueles que utilizam a análise como estrutura central para a aprendizagem, ou seja, se iniciam pelo todo, tais como palavras, frases ou textos, para chegar às sílabas e às letras.
Figura 3- métodos de alfabetização Figura 3- métodos de alfabetização

 

NOTA:

Análise e síntese são processos mentais que estão presentes em todo processo de leitura / escrita.

 

Depois das pesquisas de Piaget sobre o desenvolvimento cognitivo utiliza-se outra classificação para os métodos de alfabetização:
Métodos Pré-operatórios - aqueles que utilizam processos            mentais de correspondência unívoca e biunívoca, próprios dos        sujeitos que se encontram no período intuitivo articulado do             período pré-operatório do pensamento.

Métodos Operatórios - aqueles que utilizam processos mentais    de  análise  e  síntese,  que  supõem,   portanto,  a  existência  de reversibilidade  de pensamento, própria do período operatório -       concreto.
           
Utilizando a filosofia construtivista, que não se constitui como método, a professora alfabetizadora deve, em primeiro lugar, escolher a sistemática de trabalho que melhor se adapta ao nível de desenvolvimento cognitivo de seu aluno, a fim de obter êxito em sua tarefa de alfabetizar.

 

NOTA:

para compreender melhor a questão do construtivismo e a alfabetização, leia o texto Construtivismo não é um Método

 

A alfabetização é um processo que exige técnicas específicas de relacionar sons com letras, compreender as regras estabelecidas e manusear corretamente o lápis. Técnicas precisam ser aprendidas, praticadas. A aprendizagem de regras representadas em nosso código alfabético não surge ao acaso, porque tais normas resultam de uma cultura passada de geração para geração e que podem ser transmitidas com naturalidade, respeitando as características infantis.

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O MétodoAprendizagem na Contemporaneidade

Para começar , levando em consideração nosso estudo ao longo da disciplina, vejamos um conceito bem completo de aprendizagem trazido por Santos, a partir da visão de Maturana e Varela:

Citação:

Segundo essas ideias, podemos definir a aprendizagem a partir dos seguintes princípios:

  • Estar vivo é estar aprendendo;
  • Conhecer e pensar não significa chegar à verdade absolutamente certa, mas dialogar com a incerteza;
  • O que se aprende não é doação;
  • Transformação em coexistência com o outro;
  • Processo contínuo de transformação estrutural que um organismo pode sofrer em função da conservação de sua autoconstrução. ( SANTOS, 2008, pg.25 )

 

Podemos encontrar atualmente um número significativo de autores e grupos dedicados ao estudo da aprendizagem e sua efetividade. Tendo como subsídios os autores e teorias que já estudamos nesta disciplina, as reflexões atuais apontam para as diferenças na aprendizagem em dois contextos:

  • A aprendizagem formal: que acontece em instituições denominadas de ensino, como a escola, em atividades mediadas;
  • A aprendizagem informal: que acontece nas situações da vida, em comunidade, em família, em grupos diversos.

Sabemos que a aprendizagem é inerente ao ser humano. Aprendemos desde que nascemos num processo que termina com o fim da vida. Aprendemos todo o tempo mesmo sem a consciência de um conhecimento ou um comportamento aprendido sistematizado. E, importante ressaltar, aprendemos independentemente da vontade ou intenção do outro em ensinar, ou melhor, independentemente da intenção do outro em compartilhar uma aprendizagem.

As principais críticas dos estudiosos da aprendizagem no contexto informal apontam para a estrutura das instituições de ensino, que, segundo eles, não favorece o processo de aprendizagem individual e, muitas vezes, pode dificultar em vez de facilitar. As instituições de ensino carregam uma série de regras e códigos, já apreendidos e legitimados pela sociedade em função da própria sociedade, que considera as semelhanças no processo de desenvolvimento e de aprendizagem, deixando de abarcar a complexidade e a diversidade característica do ser humano. Podemos perceber isso nos instrumentos avaliativos e nas técnicas utilizadas para a intervenção. Os estudos da aprendizagem na perspectiva informal geraram uma série de novas teorias e novas propostas. Vejamos aqui duas práticas cada vez mais comuns:

Homeschooling: pode ser traduzido como “escola em casa”. Neste caso a família entende que será mais saudável que as crianças aprendam em casa. Existem no Brasil atualmente aproximadamente 300 famílias “homeschoolers”. Essas famílias estariam na ilegalidade, de acordo com a lei no Brasil. Existem grupos e coletivos que trabalham para a legalização desta prática. Uma boa fonte de informações sobre o homeschooling é o Aprender Sem Escola.

Unschooling: pode ser traduzido como “não-escola”. Neste caso a família entende que as crianças têm todo o estímulo de que precisam para a aprendizagem nas situações vividas no mundo. As famílias adeptas desta prática enriquecem suas vidas possibilitando mais estímulos e mais situações de interação com o outro. Um exemplo de uma família “unschooler” é “The Unscholl Bus”, que pode ser traduzido como “o ônibus da não-escola”. Esta família de 8 adultos, 3 crianças e 3 cachorros adaptou um ônibus escolar para viagens. Nas palavras deles: - “nós escrevemos, fazemos música, arte e brincamos viajando todo o tempo”. Vocês podem acompanhar esta família pelo facebook The Unscholl Bus.

 

Figura 4-UnschoolBus Figura 4-UnschoolBus

 

Estas duas práticas são opostas à escola e às instituições de ensino formais. Já produziram uma série de argumentos e estudos sobre a efetividade da aprendizagem no contexto informal. Um dos maiores autores sobre a aprendizagem informal é John Holt, considerado o pai do “Unschooling” e faz duras críticas à Educação formal. Vejam uma das falas atribuídas a ele:

 

Figura 4-UnschoolBus Fonte: www.facebook.com/pages/Aprender-Sem-Escola

 

DICA:

Uma de nossas alunas escreveu seu Memorial sobre este tema. Dedique um pouco de seu tema para ler o texto que ela produziu. Será útil para ampliar seus conhecimentos a respeito do homeschooling e também para se aproximar do tipo de trabalho que deverá produzir ao término deste curso. Clique aqui para ver o Memorial.

 

A partir das informações descritas acima surgiu uma série de outras expressões que vemos hoje relacionadas à aprendizagem no contexto informal:
Aprendizagem natural;

  • Aprendizagem livre;
  • Aprendizagem comunitária;
  • Ambiente de aprendizagem personalizado;
  • Comunidades de aprendizagem;
  • Aprendizagem colaborativa.

Vamos ver agora um conjunto de princípios que consideram as caraterísticas da aprendizagem no contexto informal. Esses princípios podem nos servir como subsídio para a intervenção na aprendizagem.

Foram desenvolvidos para o “Unschooling”, mas representam conclusões de vários autores e estudiosos da aprendizagem. Alguns representam nossas próprias reflexões traduzidas por teóricos que já estudamos com esta disciplina. A principal questão ainda é o fato de que a maioria desses princípios não é identificada nas práticas e intervenções de grande parte das instituições de ensino. Vejamos:

  • A aprendizagem é constante. O cérebro nunca para de funcionar e é impossível dividir o tempo em "períodos de aprendizagem" versus "períodos de não-aprendizagem." Tudo o que se passa à nossa volta, tudo o que vemos, ouvimos, tocamos, cheiramos e saboreamos resulta em aprendizagem.
  • A aprendizagem não requer coerção. Na verdade, a aprendizagem não pode ser forçada e nunca ocorre quando vai contra a vontade da pessoa. Coerção é desagradável e cria resistência.
  • Aprender faz bem. É algo que dá prazer, algo intrinsecamente gratificante. Recompensas irrelevantes podem ter efeitos secundários indesejados que não apoiam a aprendizagem.
  • A aprendizagem é interrompida quando a pessoa está confusa. Toda aprendizagem deve ser construída no que já é conhecido.
  • A aprendizagem torna-se difícil quando estamos convencidos que aprender é difícil. Infelizmente, a maioria dos métodos de ensino parte do princípio de que a aprendizagem é difícil e que o que é realmente "ensinado" aos alunos é a lição.
  • A aprendizagem tem de ser significativa. Quando não entendemos o seu propósito, quando não compreendemos a sua utilidade nem percebemos como é que a informação se relaciona com o "mundo real", então a aprendizagem é superficial e temporária, e não uma "verdadeira" aprendizagem.
  • A aprendizagem é muitas vezes incidental. Isto significa que nós aprendemos quando estamos completamente envolvidos em atividades das quais gostamos, que fazemos por prazer, e que a aprendizagem acontece como uma espécie de "efeito secundário".
  • A aprendizagem é muitas vezes uma atividade social e não algo que acontece em isolação dos outros. Aprendemos com pessoas que têm as competências e conhecimentos em que estamos interessados e que nos deixam aprender com elas numa variedade de maneiras.
  • Não precisamos fazer testes nem ser avaliados para sabermos o que é que já aprendemos. A aprendizagem será demonstrada ao usarmos as nossas novas habilidades e ao falarmos com conhecimento sobre determinados tópicos.
  • Os sentimentos e o intelecto não estão em oposição nem estão separados. Toda aprendizagem envolve tanto as emoções como o intelecto.
  • Aprender exige uma sensação de segurança. O medo bloqueia a aprendizagem. A vergonha e o constrangimento, tal como o stress e a ansiedade, bloqueiam a aprendizagem.

Vimos que, na verdade, podemos identificar os autores que já estudamos nestes princípios. Cada um contribuindo com um olhar específico e destacando uma ou mais características. Com uma possível variação na importância dada por nós a estes princípios, acredito que refletem nossas preocupações atuais acerca da efetividade da aprendizagem.

Com as informações compartilhadas acima, podemos chegar a uma conclusão que auxilia principalmente as intervenções de situações de aprendizagem mediadas. As informações selecionadas para compor um programa de aprendizagem não são a aprendizagem, mas o estímulo para a construção colaborativa de aprendizagens. Tomemos esta premissa inclusive para os estudos com esta disciplina.

Para finalizarmos, peguemos algumas ideias de Fabre (2006).

Boa reflexão!

 

fonte: livro Nascemos Para Aprender

 

fonte: livro Nascemos Para Aprender

 

fonte: livro Nascemos Para Aprender

 

fonte: livro Nascemos Para Aprender

 

fonte: livro Nascemos Para Aprender

 

fonte: livro Nascemos Para Aprender

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DicasConclusão

 

Nesta Unidade você pôde entrar em contato com o conceito de linguagem, o que determina compreender seu desenvolvimento. Vimos que a linguagem está ligada ao pensamento, principalmente pela contribuição de Vygotsky. Vimos ainda, assim como outros aspectos do desenvolvimento humano, que a linguagem se constitui e pode ser conceituada num contexto sociocultural.

Abordamos também que o processo de aquisição da leitura e escrita deve ser considerado ao longo da vida humana, tendo características específicas divididas em fases. Não é possível determinar que todo ser humano passará sistematicamente e no mesmo tempo por essas fases, mas, o conhecimento das especificidades deste processo faz-se necessário para as intervenções na e para a aprendizagem.

Por fim, terminamos esta disciplina com reflexões atuais acerca da aprendizagem. Vimos que a partir dos mesmos subsídios que estudamos anteriormente, novas práticas surgem na tentativa de acompanhar as mudanças ocorridas no mundo e no modo de viver do ser humano ao longo da história. Vimos que aprender é uma condição humana, independentemente de qualquer atuação direta ou intenção em direção à aprendizagem do outro e, não menos importante, entendemos que a aprendizagem é constante num processo que termina com o fim da vida.

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Esquema Evolutivo da AprendizagemSíntese

 

  • Linguagem é a faculdade de expressão e comunicação que faz uso de um sistema de signos convencionados;
  • Em uma visão mais ampla, a linguagem se refere a todo o sistema de expressão e recepção da informação;
  • Hoje em dia, são as visões da linguagem como sistema e os problemas de funcionamento desse sistema que predominam;
  • A linguagem está essencialmente ligada ao pensamento e pode significar a expressão, por meio de símbolos, signos ou códigos socialmente e culturalmente adquiridos, deste pensamento;
  • A alfabetização é uma função que exige técnicas específicas de relacionar sons com letras, compreender as regras estabelecidas e manusear corretamente o lápis;
  • Para alfabetizar o professor pode usar estratégias de imersão ou de destreza e escolher um método adequado ao desenvolvimento cognitivo de seus alunos;
  • A aprendizagem é inerente ao ser humano;
  • Aprendemos desde que nascemos num processo que termina com o fim da vida;
  • Aprendemos independentemente da vontade ou intenção do outro em compartilhar uma aprendizagem;
  • “Homeschooling” pode ser traduzido como “escola em casa”;
  • “Unschooling” pode ser traduzido como “não-escola”;
  • Dos estudos da aprendizagem no contexto informal surgiram uma série de outras expressões que vemos hoje: aprendizagem natural, aprendizagem livre, aprendizagem comunitária, ambiente de aprendizagem personalizado, comunidades de aprendizagem, aprendizagem colaborativa;
  • As informações selecionadas para compor um programa de aprendizagem não são a aprendizagem, mas o estímulo para a construção colaborativa de aprendizagens;

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CuriosidadeReferências Bibliográficas

FABRE, Hèlene. Nascemos Para Aprender. São Paulo: Triom, 2006.
GONÇALVES, Júlia Eugênia. O significado da Alfabetização na Criança. (73 p.) Dissertação de Mestrado apresentada em dez. 1978 na Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ:
HOLT, John. Como As Crianças Aprendem. São Paulo: Versus, 2001.
HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
PIAGET, Jean et. Alii. Problemas de Psicolinguística. Tradução de Álvaro Cabral. São Paulo: Mestre Jou, 1973.

SANTOS, Bettina Steren dos. Os tempos de aprender e aprender através dos tempos. In PORTELLA, Fabiani Ortiz e BRIDI, Fabiane, Romano de Souza (orgs.). Aprendizagem: tempos e espaços do Aprender. Rio de Janeiro: Wak, 2008.
WALLON, Henri. Los Orígenes Del Pensamiento en el Niño. Argentina: Lautaro, 1965 (Biblioteca Ciencias del Hombre, tomo 1 e 2).

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Lista de Figuras

Figura 01- Disponível em https://www.flickr.com/photos/pedrosimoes7/25337081874. Acesso em 03/11/2016
Figura 02- Disponível em fonte: casadocrescer.blogspot.com.br. Acesso em 03/11/2016
Figura 03- construída pela autora
Figura 04- disponível em www.facebook.com/theUnschoolBus Acesso em 04/10/2016

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Texto adaptado de CIANCIARDI NETO, Gabriel. CARLETO, Nilvado. Metodologia da Pesquisa Científica. Araras. Uniararas, 2. ed. 2013. p. 15 - 37.
Em latim, a expressão apud significa citado por

É uma técnica de conversação direta entre o pesquisador e o entrevistado, e, em função disso, é fundamental planejar e conhecer previamente o entrevistado. Conhecer o local da entrevista, a hora da sua realização, bem como elaborar um roteiro/questionário também são fatores importantes para que a entrevista seja bem-sucedida. Com certa antecedência, o pesquisador deve explicar ao entrevistado qual é a finalidade da pesquisa, esclarecendo seu objetivo e sua relevância. É importante deixar o entrevistado bem à vontade, uma vez que algumas informações podem ser restritas e confidenciais. É interessante utilizar um gravador para garantir a fidelidade das informações e anotar com atenção as respostas no momento da entrevista para garantir a veracidade das informações e evitar possíveis distorções.

O formulário tem o objetivo de reunir um conjunto de questões organizadas para que sejam obtidas informações de entrevistas ou questionários. Antes do início da redação de um formulário, é necessário definir quais são as informações pretendidas pelo pesquisador, uma vez que a relevância das perguntas é de sua responsabilidade. Inicialmente devem ser expostas as perguntas mais fáceis e, por último, as perguntas mais difíceis. Ao elaborar um formulário, o pesquisador deve considerar as seguintes características:

  1. o tipo, o tamanho e o formato do papel;
  2. a estética e o espaçamento entre linhas;
  3. o espaço suficiente para as respostas dos entrevistados;
  4. a numeração dos itens ou mesmo das perguntas;
  5. a forma de impressão do formulário;
  6. a forma de registro para assinalar as respostas; e
  7. uma redação clara e concisa das perguntas.

Documento que constitui uma série de perguntas sobre o objeto em estudo, pode ser aplicado pessoalmente pelo pesquisador ou enviado pelo correio.
Não deve ser extenso e, normalmente, tem início com as seguintes questões: nome (se a identificação for necessária), sexo, idade, estado civil, profissão, etc.
Na elaboração de um questionário, é importante observar os seguintes fatores: dimensão, conteúdo, organização, clareza das questões, espaço para as respostas, etc.
As perguntas devem ser claras, objetivas e não “tendenciosas”. As perguntas abertas permitem ao informante responder livremente, enquanto as perguntas fechadas (ou objetivas) caracterizam-se pelas escolhas “sim” ou “não”, “verdadeiro” ou “falso”, as quais facilitam a tabulação dos dados pelo pesquisador.
Uma das maiores limitações do questionário está relacionada à sua devolução por parte do informante, além do grau de confiabilidade das respostas e veracidade das informações.

A observação utiliza os sentidos para obter alguns aspectos que ocorrem no cotidiano da pesquisa.
Não consiste apenas em olhar e ouvir, mas também em examinar os fatos que serão investigados.
Para que a técnica da observação torne-se simples, é importante realizar um planejamento, definindo, por exemplo, quais eventos serão observados e registrados, assim como quais dados serão coletados.
O pesquisador deve examinar o fato sem fazer interferências, ou seja, deve observar com imparcialidade a ocorrência dos eventos, anotando os detalhes que estão sendo investigados.
É importante ressaltar três elementos nas pesquisas que envolvem a técnica da observação: a população (“o que” ou “quem” observar), as circunstâncias (“quando” observar) e o local (“onde” observar).
No entanto, assim como qualquer outra técnica de pesquisa, a observação oferece vantagens e limitações.
Nestas condições, a fim de garantir a credibilidade do trabalho, o pesquisador deve aplicar mais de uma técnica concomitantemente.

O método histórico consiste em investigar acontecimentos, processos e instituições do passado para verificar a sua influência na sociedade de hoje, pois as instituições alcançaram sua forma atual através de alterações de suas partes componentes, ao longo do tempo, influenciadas pelo contexto cultural particular de cada época (LAKATOS, 1981 apud LAKATOS & MARCONI, 1991, p. 82).

O método comparativo, que pode ser empregado em todas as fases e níveis de uma pesquisa, pretende, por meio da comparação, instituir leis e correlações entre os vários grupos ou fenômenos da sociedade para determinar semelhanças e diferenças.
Conforme Gil (1999, p. 34), “O método comparativo procede pela investigação de indivíduos, classes, fenômenos ou fatos, com vistas a ressaltar as diferenças e similaridades entre eles”.
Também chamado de estudo de caso, com o método monográfico é possível entender alguns fatos sociais por meio de estudos de casos isolados ou de pequenos grupos. De acordo com Gil (1999, p. 34), “o método monográfico parte do princípio de que o estudo de um caso em profundidade pode ser considerado representativo de muitos outros ou mesmo de todos os casos semelhantes”. O autor afirma que esses “casos” podem estudar tanto indivíduos quanto instituições, grupos, comunidades, entre outros.
No método monográfico, o estudo abrange um conjunto de atividades de determinado grupo social particular e não somente um único aspecto, como era feito no início de sua criação (LAKATOS & MARCONI, 1991).
O método estatístico tem como objetivo estabelecer conclusões comprováveis sobre as consequências dos fatos sociais analisados.
Segundo Gil (1999, p. 35), “(...) este método fundamenta-se na aplicação da teoria estatística da probabilidade e constitui importante auxílio para a investigação em ciências sociais”. No entanto, o autor afirma que é importante considerar que os resultados obtidos com esse método podem não ser completamente verdadeiros, mas possuem um grau considerável de precisão, o que o faz ser muito bem aceito pelos pesquisadores.