DPC – Diagnóstico e Intervenção na Clínica Psicopedagógica

Unidade III - Módulo 2

Júlia Eugênia Gonçalves

Imagem da disciplina

fonte: opousadeiro.blogspot.com

Boas Vindas:

Caro (a) Aluno (a),


Seja bem vindo a mais um módulo de ensino, o segundo da Unidade III. Continuamos estudando a respeito do diagnóstico psicopedagógico no âmbito da clínica e ainda temos muito a aprender.


Bons estudos !


Apresentação:

Neste módulo vamos entrar em contato com alguns instrumentos de diagnóstico disponíveis no mercado à disposição do psicopedagogo. Não temos a pretensão de apresentar todos os que existem, mas aqueles que consideramos relevantes na maioria dos casos.


Objetivo:

Esperamos que, ao término deste módulo, o aluno seja capaz de:

Passaremos agora a apresentar os intrumentos criados pela Psicopedagogia e que já se encontram disponíveis no mercado à disposição do psicopedagogo. Pela natureza deste curso, não entraremos em pormenores a respeito de cada um deles, nem emitiremos juízo de valor a respeito. Nossa intenção é a de informar sobre o que existe de mais básico e fundamental para a realização do diagnóstico psicopedagógico, para que serve e onde poderão ser adquiridos tais instrumentos, pela citação da editora ou do web site do fabricante. Ainda levando em consideração que os testes são selecionados de acordo com as hipóteses iniciais e que estas devem se relacionar com as estruturas de aprendizagem, faremos, na medida do possível, referências ao seu uso em relação a cada uma delas.

Para avaliação da estrutura orgânica:

Tal estrutura, como já vimos, se relaciona com aspectos físicos ou sensoriais. Portanto, se o psicopedagogo suspeitar de que existam problemas desta natureza deve encaminhar seu cliente para o médico mais indicado para cada caso. Por exemplo: um oftalmologista se o problema for de visão; um otorrino, se a suspeita for de problemas de audição; um neurologista se houver hipótese de problemas neurológicos; um psiquiatra em casos de suspeita de DDA ou DDAHDistúrbio de déficit de atençao com ou sem hiperatividade..

Para avaliação da estrutura cognitiva

A contribuição de Piaget para a compreensão do pensamento humano é inestimável e a epistemologia genética criada por ele é um dos pilares teóricos da psicopedagogia. Portanto, as provas piagetianas, ou o chamado diagnóstico operatórioConjunto de provas criado por Piaget e comprovados cientificamente para identificar o estágio de pensamento em que o sujeitose encontra: pre'-operatório ou operatório.. Este instrumento é de grande importância no diagnóstico psicopedagógico porque permite concluir se existe ou não atraso cognitivo em relação à idade cronológica. Para se inteirar melhor das características deste teste, ouça o arquivo de áudio abaixo.

Clique aqui e faça o download do arquivo de áudio

Instruções Imagem de instrução para salvar o arquivo

Imagem Manual de provas O material de aplicação das provas piagetianas encontra-se à disposição no mercado. O profissional deve ter o cuidado de escolher um fabricante idôneo e de reconhecida competência, posto que alterações mínimas nas especificações dos materiais utilizados em cada prova podem alterar significativamente os resultados, comprometendo as conclusões.

Indicamos o seguinte livro, para as explicações a respeito de sua aplicação:

Manual das Provas de Diagnóstico Operatório - McDowell -trad. Simone Goldberg

Esta obra oferece não só a descrição das provas do Diagnóstico Operatório, mas inclui, de forma sistemática e simples, os procedimentos de aplicação, critérios para compreender a qualidade das resposta e um glossário com explicação dos termos técnicos usados.

Além deste manual, para poder aplicar o teste o psicopedagogo precisará adquirir o material específico composto por caixa de madeira ou papelão contendo os requisitos de cada uma das provas que compõem o referido teste. Indicamos o que é fabricado pela Central Didática pelos motivos acima expostos:

Imagem kit diagnóstico operatório

Kit de Provas Piagetianas - Vem em uma caixa de madeira com alça para transporte. O Kit contém os materiais para as seguintes provas: 1. Conservação de pequenos conjuntos discretos de elementos; 2. Conservação da superfície; 3. Conservação de quantidade de líquido; 4. Conservação de quantidade de matéria; 5. Conservação de peso; 6. Conservação de volume; 7. Conservação de comprimento; 8. Mudança de critério (dicotomia); 9. Inclusão em classes; 10. Interseção de classes; 11. Seriação de palitos; 12. Combinação de fichas; 13. Predição. Dimensões: 33 x 40 x 15,5 cm Material: Madeira

Aprendizagem e Nível de Operatoriedade Estudo da Causalidade e Contradição no Conto os 3 Porquinhos.

Imagem 3 porquinhos

Este teste, de autoria de Leila Sara Chamat, fornece subsídios para verificar o nível de operatoriedade do sujeito. Abrange os meios de se classificar quanto aos estágios na concepção de Piaget: sensório-motor, pré-operacional, operatório concreto e lógico-formal, inclusive a transitividade de uma fase para outra, restringindo-se ao campo intelectual, afetivo e social. O material utilizadoOito pranchas elaboradas pela autora tendo como elemento básico a história de Os Três Porquinhos. mostra se o sujeito possui o nível de operatoriedade da série em que se encontra.

SDT-Teste do Desenho de Silver

Imagem SDT

O teste do Desenho de Silver - SDT – foi desenvolvido pela norte-americana Rawley Silver a partir das suas experiências como educadora e arte-terapeuta. Está fundamentado nas teorias de Piaget e Inhelder, entre outros. Baseia-se no conceito de que as habilidades cognitivas de algumas pessoas podem ser mascaradas pelas suas deficiências de linguagem verbal e que o desenho pode ser a linguagem da cognição paralela à expressão oral e escrita. Essas capacidades cognitivas, que têm sido identificadas verbalmente, podem ser avaliadas tanto através de símbolos verbais como visuais. Crianças com dificuldade de linguagem são incapazes de representar verbalmente os seus pensamentos, mas se as suas capacidades de simbolizar estiverem intactas, podem representar as suas ideias e sentimentos desenhando. O SDT é um instrumento potente no contexto de avaliação psicopedagógica, uma vez que oferece uma forma dinâmica e integrada de avaliar a criança que apresenta problemas de aprendizagem, exibindo um nível de precisão que apoia a sua utilização. O projeto de padronização brasileira do SDT foi desenvolvido por uma equipa de psicopedagogos e arte-terapeutas através do Centro de Pesquisas do Departamento de Psicopedagogia do Instituto Sedes Sapientiae, sob a coordenação de Cristina Dias Alessandrini, respeitando critérios estatísticos.

Para avaliação da estrutura corporal:

Os problemas relacionados com a linguagem, com a motricidade e com a leitura /escrita estão associados a esta estrutura. Portanto, para avaliá-la o psicopedagogo, além de outros instrumentos, pode contar com os que estão relacionados abaixo, cuja confiabilidade já se encontra reconhecida pelos profissionais da área:

Método Horizontes

Imagem método horizontes

Sondagem das habilidades para a alfabetização, de autoria de Neda Lian Branco Martins. A obra apresenta uma coletânea de exercícios de avaliação destinada a medir de forma total os aspectos do desenvolvimento da alfabetização de crianças na faixa etária de 5 a 8 anos. Compreende: 01 manual + 01 caderno de aplicação.

Confias - Consciência Fonológica - Instrumento de Avaliação Sequencial -

Imagem Confias

De autoria de Sônia Moojen, este instrumento que tem como objetivo avaliar a consciência fonológica de forma abrangente e sequencial. Sua utilização possibilita a investigação das capacidades fonológicas, considerando a relação com as hipóteses sobre a construção da escrita (Ferreiro e Teberosky, 1991. É indicado para crianças a partir de 4 anos de idade.

Teste de Competência de Leitura de Palavras e Pseudopalavras

Imagem TCLPP

O TCLPP, de autoria de Alessandra Capovilla é instrumento para avaliar a competência de leitura silenciosa de palavras isoladas, e servir de coadjuvante para diagnóstico diferencial de distúrbios de aquisição de leitura. As tabelas de normatização permitem avaliar o grau de desvio entre o padrão de leitura da criança e o padrão de leitura normal de seu grupo de referência, de acordo com o nível de escolaridade. O TCLPP permite interpretar os dados do padrão de leitura específico apresentado pela criança quanto ao modelo do desenvolvimento de leitura e escrita, e inferir o estágio de desenvolvimento (logográfico, alfabético, ortográfico) em que ela se encontra e as estratégias de leitura (ideovisual ou logográfica, perilexical ou fonológica, lexical) prevalecentes. Fornece visão integrada e aprofundada do grau de desenvolvimento e preservação dos diferentes mecanismos, rotas e estratégias envolvidas na leitura competente, para lançar luz sobre a natureza da dificuldade específica.

Avaliação Psicomotora à Luz da Psicologia e da Psicopedagogia

Imagem Avaliação psicomotora

Trata-se de um manual prático para o diagnóstico e tratamento das dificuldades psicomotoras e de aprendizagem. A autora, Gislene de Campos Oliveira, sugere um plano de orientação terapêutica com base no perfil psicomotor da criança.

Para avaliação da estrutura dramática ou desejante

Provas Projetivas Psicopedagógicas

As provas projetivas copiladas e adaptadas por Jorge Visca são utilizadas no contexto psicopedagógico com um meio de análise e depuração do sistema de hipóteses e devem ser aplicados quando há suspeita de implicações emocionais ou vínculos negativos com a aprendizagem. Quando se aplica uma prova projetiva o sujeito projeta para fora de si o que se recusa a reconhecer em si mesmo ou o ser em si.

Ao aplicar as provas projetivas o terapeuta deve ter a clareza de que ela expressa uma realidade subjetiva com a vivência particular do indivíduo a respeito da realidade não como ela é e sim como ele a vê. As provas projetivas psicopedagógicas foram organizadas pelo professor Jorge Visca e segundo ele, são recursos, dentre outros, para a compreensão de variáveis emocionais que condicionam de forma positiva ou negativa a aprendizagem.

O objetivo de se utilizar uma prova projetiva psicopedagógica é verificar o processo de aprendizagem do indivíduo, suas significações do ato de aprender e as relações vinculares que se formam com o conhecimento e as figuras ensinantes.

O teste projetivo pedagógicos mais utilizado no diagnóstico psicopedagógico :

Par educativo: tem por objetivo investigar o vínculo com a aprendizagem. A partir de um desenho investiga-se a relação do indivíduo com os objetos de aprendizagem, com quem ensina e do próprio aprendente consigo mesmo. Cada uma dessas situações e a relação entre todas elas nos permitem analisar o tipo de vínculo, o significado dado à aprendizagem, os fatores cognitivos e afetivos que estão em jogo, as identificações do sujeito, a representação do ensinante como facilitador ou perseguidor, os sentimentos frente a sua própria capacidade, o grau de tolerância à frustração etc. Este e outros testes projetivos psicopedagógicos podem ser encontrados no livro Técnicas projetivas psicopedagógica e pautas gráficas para sua interpretação - Jorge Visca.

Imagem Técnicas Projetivas Psicopedagógicas

NOTA:

Para complementar seus conhecimentos a respeito da aplicação do teste, acesse o anexos 1 e o anexo 2.

Alegoria Animais

Objetivos:

Material:

1ª Parte:

Pede-se que o examinando imagine sua família sob a forma de animais. Como seria cada membro de sua família?

A seguir pede-se que ele os desenhe em forma de bichos. O terapeuta deve observa e anotar a ordem em que cada animal é desenhado, se segue a progressão esquerda/direita, se não há uma orientação espacial definida etc. Deve também observar as resistências do tipo: - não sei desenhar ... desenhar animal é muito difícil etc... Contra tais resistências, argumentar que não se trata de um concurso de desenho, mas apenas de uma representação... que o examinando pode desenhar como achar que deve, sem se preocupar com a parte estética.

2ª Parte:

Pedir que o examinando escreva ou indique o nome de cada animal desenhado, correspondendo-o a cada um dos membros de sua família, inclusive a si próprio. Caso o examinando não se desenhe a si mesmo, não chamar sua atenção para o fato. Porém, se ao nomear os membros da família der falta de sua pessoa, pode-se permitir que ele retome o desenho.

3ª Parte:

Iniciar um jogo simbólico com o examinando, pedindo-lhe que imagine aqueles animais falando uns com os outros. O que eles diriam? Ir perguntando da seguinte maneira:

DICA:

O terapeuta deve anotar os diálogos, em papel suplementar. Não deve fazer anotações no mesmo espaço do desenho.

Avaliação:

Como todo teste projetivo, a avaliação é qualitativa e não quantitativa. As hipóteses levantadas devem ser coerentes com a história de vida do examinando, coletada durante a anamnese ou a EOCA e também com as observações que já foram realizadas nas sessões anteriores. Alguns indicadores:

No campo das identificações, cavalo e macaco são os animais mais representados, seguidos por animais passivos ou pacíficos, como gato e cachorro. Há também prevalência de animais fálicos, com problemática de força e dominação, como leão, elefantes e felinos (pantera, onça, lobo etc.).

Nas contra identificações encontram-se animais agressivos, que exprimem o medo de ser agredido ( leão, felinos, crocodilo , cobra e vaca , touro ou rinoceronte (por causa dos chifres); animais com atributos de dominação, tais como elefante, girafa ou de feiura, como o macaco; animais vulneráveis, que se deixam matar, ou que vivem de modo precário, tais como pássaros, coelho, camundongo, insetos.

Neste estudo Bon conclui que quatro animais concentram quase a metade das escolhas de crianças de 04 a 10 anos: cachorro, cavalo, leão e gato; o cachorro e o gato aparecem como símbolos de atitudes de submissão aos pais e de interiorização dos modelos parentais e sociais do período de latência. O pássaro, escolha narcísica, costuma aumentar em intensidade, com a idade.

Procuro alguém...

Este teste é muito bom para ser aplicado com adolescentes, porque permite que eles projetem seus desejos e suas escolhas de maneira bem informal e por meio de desenhos.

O terapeuta oferece ao examinando uma folha de papel como a que serve de modelo no anexo 3 , lê cada enunciado , discutindo e tirando dúvidas a respeito e depois solicita que ele faça um desenho abaixo de cada enunciado, expressando-o de forma pictórica.

A análise é qualitativa e só tem sentido se relacionada com os dados a respeito de sua história de vida, coletados na fase inicial do diagnóstico.

Síntese: Neste módulo você aprendeu que...

Leituras

Conclusão

Com estas informações a respeito dos instrumentos de natureza psicopedagógica à disposição do profissional em seu trabalho, encerramos, caro (a) aluno (a), a segunda etapa do diagnóstico psicopedagógico.

Esperamos que as informações aqui veiculadas concorram para o êxito de seu trabalho futuro e o convidamos a nos seguir na próxima Unidade.

Até lá!